Doce erro


Qualquer tentativa de dizer a outra pessoa o que ela deve fazer é inútil. Devemos fazê-lo, seja pela nossa consciência, para não sermos cobrados depois ou, por um simples exercício argumentativo. Não que a pessoa seja incapaz de te dar razão, não que ela não entenda que você sabe o que diz e diz para seu bem. Mas somos humanos e o erro é intrínseco a nós. O que nos leva a errar? Ignorância é a primeira e mais óbvia das respostas. Realmente erramos quando desconhecemos o certo. Ou seja, na infância e adolescência. Qualquer pessoa que não tenha crescido em uma bolha já passou por arrependimentos, desilusões, e escolhas erradas de todas as formas. Os erros que não cometemos, já presenciamos de alguma forma.

A situação surge e você tem que tomar uma decisão. Existe uma opção óbvia, lógica e segura. E outra arriscada, dúbia e parcial. Qual ser humano escolheria o segundo caminho? Quase todos. Somos atraídos pelos riscos como moscas pela luz. Algo em nosso subconsciente, uma provável herança das épocas medievais, nos diz que o arriscado é mais nobre, belo e até poético. Alimentamos então nosso ego com esse risco, podendo assim fitar nosso próprio rosto e se satisfazer com a imagem. Nós nos agarramos as mais frágeis pontas de esperança, deixamos que o nosso emocional supere nossa mente. Imaginamos que a escolha segura nos mantém onde estamos, enquanto o risco carrega consigo a possibilidade da glória.

E assim criamos um erro. Trocando o correto pelo saboroso. O seguro pelo emocionante. Este é um dos pontos que nos difere dos demais animais, correr o risco. Se a escolha certa evita a falha, a escolha errada evita a mesmice. A escolha certa continua a repetir os costumes, a errada quebra os velhos costumes e cria novas oportunidades. O errado é o ensaio do novo. Sejamos sinceros, a vida perderia boa parte da sua graça sem os erros, sem os riscos. O que séria da adolescência sem um erro a cada esquina, sem uma decepção a cada beijo? São esses erros que realmente nos ensinam, e não as palavras dos mais sábios. Palavras sábias servem somente para nos deliciarmos na razão do que já experimentamos. Sorrir e pensar: Isso aí eu já aprendi. E afinal, o que somos nós além de erros divinos.

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