E dai se doer?

Tá que sofrer é ruim. Eu sei que ninguém gosta de ser largado ou até de largar alguém. O coração fica inquieto, parece um pequeno terremoto no peito. Coração apertado, nessas horas nem parece uma expressão. As lagrimas percorrem o contorno do rosto, rasgando como arado sobre a terra. O tempo, dito remédio, não passa, nem adianta rezar.

Acredite-me conheço esse martírio. Mesmo assim, e apesar de entender, nunca vou concordar com essa onda de melhor não viver do que sofrer. Hoje em dia o temor é tal que a semente de um sentimento é suficiente para jogar fora o vaso. Somos humanos, e desde o momento que a maça do éden foi mastigada, estamos fadados a sofrer. A questão não é se vamos sofrer, mas pelo o quê. Se não é pela pobreza, é pela riqueza. Se não é pela inexperiência, é pelo cansaço. Se não é de amor, é de solidão. O coração é caprichoso e não perdoa ser esquecido.

Eu tenho medo do sofrer, só não lhe deixo tomar as decisões por mim. Muito menos tento proteger o coração alheio, esse a cada um pertence, e esses são responsáveis pelos rumos que tomam. Sim, somos donos de nossas vidas, mas se não corremos risco nelas seremos donos de uma vida chata e previsível. Não sabemos o que vai acontecer até que aconteça. Não sabemos se magoaremos ou seremos magoados. Se vamos amar ou odiar. Cada relação é um mundo de possibilidades, e a graça é não saber o amanhã e se deliciar com o hoje. Você tem dúvidas? Você não sabe aonde isso vai levar? Aonde você quer chegar? Tente e descubra. Se der errado, que seja. Quando você acredita que seus rumos estão definidos, a vida manda um redemoinho para mudar tudo. A vida não é conto de fadas, e não existem príncipes e princesas encantados. Somente gente que vamos odiar nem ligar, gostar, ou amar. Para viver momentos de alegria passaremos pela tristeza. Vais ser péssimo, não vai ser a ultima vez, mas vai passar. Tire seu coração da sua caixinha de guardados e ponha-o pra ver a vida.

Razoavelmente Profundo

Bem, acho que a maneira ideal de abrir essa coluna é explicando o seu titulo, Razoavelmente Profundo. A escolha desse titulo veio da minha forma de agir e encarar a vida. É notório que vivemos no mundo do supérfluo, palavras supérfluas, gestos supérfluos, bens supérfluos e consequentemente pessoas supérfluas. Qualquer pessoa que não se preocupa com vida sexual dos famosos (acredite você é uma minoria) acha isso insuportável. Insuportável conviver e ou viver supérfluo. Pois tão ruim quanto ouvir sobre o fim do namoro dos participantes do ultimo reality show, é não ter nada melhor do que isso a dizer. Eu tive a sorte de ter crescido em uma casa repleta de velhos livros e discos e, além disso, pais que me castigavam (e eu dei varias oportunidades para que o fizessem) com a proibição de assistir TV. O tédio me levou a conhecer os prazeres além do supérfluo nas profundezas do pensamento. E assim explico a parte profunda do título.
Mas porque razoavelmente? Confesso que ser pensante nesse mundo não tarefa fácil e nem recompensatoria, principalmente na adolescência. E com razão, como disse Arnaldo Jabor. “Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre”. Ser profundo demais é suicídio social e psicológico. Quando mais pensamos mais dúvidas temos. Quanto mais entendemos da vida, mais difícil fica achar graça nela. Porque para a felicidade é necessário um pouco de ingenuidade, um pouco de bobagem. Quem muito analisa pouco experimenta. Às vezes é necessário fechar os olhos para melhor saborear a vida. E é por isso que hoje vivo a procura da medida, nem raso demais, nem profundo demais. Afinal a única coisa que nunca é demais na vida é a felicidade. 
Não sei se aconselho a mesma tentativa a todos, afinal essas coisas são bem particulares e conselho é uma coisa bem inútil. Mas acho que um pouco de pensamento e um pouco de bobagem não faz mal a ninguém. Obrigado a todos que leram esse post inaugural. Pretendo atualizá-lo no mínimo semanalmente.
Abraços
Felipe Toffolo
 
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